Considero-me uma trintona média, logo, representativa da Classe... mas posso estar enganada...

09
Ago 08

 

Hoje estive a passear num parque junto ao Convento de Mafra. Olhei para aquele imponente edifício e pensei no que ele já presenciou... Mulheres amarguradas, proscritas, que a sociedade rejeitou em determinada altura da história da humanidade, e que não tiveram outra escolha que não a clausura num mosteiro. Se a vida num mosteiro sempre foi de verdadeira clausura, isso seria outra conversa. Mas enfim. Este pensamento rapidamente se transformou num agradecimento aos céus pela minha situação actual. Tivesse eu nascido há uns 50 anos, neste mesmo país, ou na actualidade, num qualquer país onde as mulheres não têm teoricamente os mesmos direitos... E digo teoricamente porque em Portugal creio ser assim. Teoricamente temos o mesmo nível salarial. Mas há fábricas onde as mesmas funções têm ordenados diferentes consoante o género sexual de quem as desempenha... Teoricamente, «dividem-se» as tarefas (e já aqui falei do verbo dividir neste contexto), mas há famílias onde as mulheres trabalham as mesmas ou mais horas do que os homens, e, no entanto, chegam a casa, eles sentam-se no sofá a ver televisão e são elas que fazem o jantar, tratam dos filhos... Uma mulher que se sabe ter sido infiel (ou já «dormiu» com vários) é puta e o homem é um grande macho...
Mas a minha linha de pensamento é a contrária... Estou grata de ter tido oportunidade de ter decidido a minha vida consoante aquilo que precisava para obter paz de espírito... Se tivesse nascido num país do Médio Oriente, seria praticamente escrava... Em alguns africanos, mutilada de uma forma horrenda... Se nascesse no seio de uma família cigana, obrigada a casar aos 11 anos com um qualquer que podia nunca ter visto antes... E se ele morresse... Ai... Sei lá. Conheço mulheres, portuguesas, da minha geração, que, por não terem autonomia financeira e apoio familiar, continuam a suportar todo o tipo de abusos... psicológicos, físicos, emocionais...
Fiz por isso. Sei que mereço. Mas também sei que haverão biliões de mulheres por todo esse mundo que mereciam mais ainda do que eu e nada têm. Com elas está hoje o meu pensamento.
publicado por Trintona(inha) às 20:17
música: Meravigliosa creatura-Gianna Nannini
sinto-me: Agradecida!

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