Costumo dizer muitas vezes que os homens da minha geração são "vítimas" de um desencontro de valores culturais.
Por um lado, tiveram como exemplo uma geração em que a maioria das mulheres não trabalhava fora de casa, e em que aí, compreensivelmente, faziam todas as tarefas domésticas sem um queixume. Se tiveram exemplos de mulheres que até trabalhavam fora de casa, era comum estas mulheres chegarem a casa, apressadas, a fazer o jantar, enquanto o «macho» se prostrava em frente à TV. Depois, comiam... e o macho voltava para o sofá. A fêmea, claro, ia "arrumar" a cozinha... Depois, dependia da idade dos filhos, mas o resto da noite ainda a podia contemplar com banhos, ajuda nos TPC's, preparar as mochilas para o dia a seguir, lanches... E depois, dependendo do nível de «compreensão»... ainda tinha de se fazer o «frete» para manter o macho afastado das outras fêmeas... ou não... isto leva à aceitação da infidelidade mas não quero ir para aí hoje...
Hoje em dia as mulheres estão cada vez mais exigentes. É a minha visão. O homem não deve «ajudar» em casa, as tarefas devem ser partilhadas, já que o são as responsabilidades laborais. Os banhos dos filhos não têm segredos, não há razão para que não sejam eles a dá-los. Casais em que a mulher fica em casa, na nossa sociedade, nos extractos socioeconómicos com que lido (e não são poucos), é raro. Se com dois ordenados não está fácil, imagine-se com um...
Bom, e então... os homens, parece-me, ficam baralhados. "Vou seguir o modelo dos meus pais e ficar aqui sentado... ou vou lavar a loiça, quiçá fazer o jantar? Naaaa, isso dá trabalho... e eu estou cansado... ela que faça... tomar conta dos miúdos não custa nada e o trabalho dela também não é assim tão cansativo"... A mulher faz, mas vai engolindo o sapo... mais um... depois entra em indigestão e começam a estalar as brigas...
Depois, às vezes, dependendo, como sempre, de uma imensidão de factores, vêem-se, mais ou menos de um momento para o outro, solteiros. Pois. Vítimas de um generation gap.