Ao fim de tantos dias de conflitos académicos, institucionais e de hierarquias, entro no carro bem mais tranquila.
O dia hoje correu bem: percebi que em termos de saúde estou em muito boas mãos, tomei conhecimento que vou ter uma semana de férias pedida, concedida mas inesperada, o ambiente melhorou e só faltam 7 horas de puro sacrifício.
Entrei no carro então, pus música, um CD que tinha no leitor, e não me agradam algumas das músicas. Ponho então numa das minhas rádios de eleição, a RFM, e ouço Olavo Bilac, numa música que não reconheço. Imediatamente pensei que há coisas engraçadas. É a última música que enviaste, há semanas, e que eu ainda não tinha conseguido ouvir... Antes de eu cortar todas as amarras que prendiam o teu barco ao meu cais. Ou vice-versa. Perco-me na melodia, oiço a letra de uma forma desprendida... e surpreendo-me a mim própria com um sorriso e um pensamento: "Talvez a tua passagem na minha vida me faça sentido finalmente... vieste mostrar-me, numa altura em que eu não sentia nenhuma esperança no amor, que existem realmente almas gémeas". E, tal como agora, que vivo despreocupadamente a minha liberdade afectiva e amorosa, que, talvez, aquele que merece o meu amor incondicional, ande por aí, à espera que a vida cruze os nossos caminhos. Que a vida nos esteja a amadurecer a ambos para, finalmente, sermos felizes, juntos.
E eis que, quando acaba a última música que enviaste para mim, que quiseste partilhar comigo, começa a passar, na mesma rádio, a última que eu te apresentei. A última que diz, como todas as palavras, a nossa última interacção:
"It's a quarter after one, I'm all alone
and I need you now
Said I wouldn't call but I lost all control
and I need you now
And I don't know how I can do without
I just need you now"