É certo que os tempos não estão fáceis, que há casais com filhos para criar com o flagelo do desemprego a desmoronar-lhes a vida. É certo que há pessoas que se esforçam por estabelecer prioridades e têm de cortar muita coisa que lhes dava prazer. É certo que há quem trabalhe e mesmo assim o que leva para casa não chega para pôr comida na mesa.
Mas também há muito quem afirme que não tem dinheiro para determinadas coisas e depois, quando se olha para o telemóvel... topo de gama. Para o carro... alta cilindrada. Para a casa... recheada de tudo o que é gadget. Não se privam de ir comer a um restaurante ou de comprar toda a comida feita.
Eu não tenho pretensões de me lembrar de passar necessidade, mas sei que os meus pais a sentiram na pele. Muito. Lembro-me de a minha mãe contar que quando casou com o meu pai ele ia para o trabalho a pé (e ainda eram alguns km) porque não tinham dinheiro para o passe. Nunca me hei-de esquecer que uma avó de um ex-namorado meu contava que, quando ela era pequena, uma sardinha tinha de dar para alimentar uma família de 8 (e moravam numa aldeia piscatória).
Parece-me que o que há nos dias de hoje é excesso de facilitismo. O menino quer uma bicicleta, compre-se. A mãe quer ir de férias, faz-se um crédito. O pai quer um carro novo, pede-se um empréstimo a 8 anos. E depois não se come sopa, fruta nem legumes porque essas coisas são caras e nem fazem assim tanta falta. E pensar uma família de 4 consegue comer no McDonalds por 20€...