Até que ponto nos tornámos comodistas?
Conheci hoje um bebé. Um bebé perfeito, lindo... doce, calminho... a mãe falava com ele... tratava-o por paixão... Ao vê-los afastarem-se pensei nas conversas que tive com a mãe no início da sua vida (dentro do útero da mãe já é vida!), da decisão tomada, sugerida pelos médicos, da interrupção médica da gravidez. Se a medicina avançou tanto que permitiu que um bebé que, há alguns anos atrás não sobreviveria, porque é que, agora, negamos a luz do dia àqueles que, também através de um avanço da medicina, se detecta, semanas após a concepção, uma malformação?
É de frisar desde já que não sou pró ou anti-aborto. Sempre houve e sempre haverão mulheres (ou casais) que, apesar das medidas contraceptivas tomadas, engravidaram. Se essa gravidez não é de todo planeada nem desejada, porque é que havemos de obrigar essas mulheres a fazer interrupções em condições deploráveis, sujeitá-las a infecções gravíssimas, complicações ou mesmo morte?
Penalizar ou criminalizar nunca foi a solução. Não o foi para a droga, não o é para a prostituição... Nem para a corrupção, se olharmos bem à volta... Não sou a favor de usar esta intervenção como método contraceptivo, obviamente. Mas proibir nunca foi solução para nada. As mais ricas iam fazê-los a Espanha, as outras pagavam-nos a peso de ouro. Aliás, o preço é o mesmo. Mas agora pagamo-lo todos. Adiante.
Mas comecei este post pensando no facilitismo com que a nossa sociedade encara as coisas nos dias de hoje. Não é a primeira situação que vejo. Sei que não será a última. Mas, e podem dizer já que estou doida, vejo um paralelismo nesta situação. Os comandos das televisões. Dos DVD's. Dos ares condicionados. Das aparelhagens. Porra... tenho visto comandos à distância dos aparelhos mais inusitados!!! Somos ou estamos a ficar assim tão comodistas?!
Quando uma futura criança tem uma malformação, detectada pela medicina, que a medicina até pode conseguir corrigir... Votar essa futura criança à morte... É só a mim que isto não faz sentido?