Nos últimos dias tenho aberto esta página em que escrevo. Abro e fecho igual número de vezes, sem nada depositar. Tenho tanto para escrever, em jeito de diário... E não é que me falte o tempo, desta vez, falta-me a coragem.
A coragem, talvez, de desenterrar assuntos que estão guardadinhos na minha cabeça... e assim, penso eu, talvez não incomodem muito.
Mas eu já devia saber que eles saem... saem sempre, e normalmente, na pior altura possível. Assim sendo, talvez seja bom deixá-los sair agora.
O primeiro assunto que me aborrece é ainda, o de sempre. Claro que o pior (espero!) já passou... Creio poder dizer que já se passaram alguns dias sem me lembrar dele. É difícil não me lembrar, se passo algumas vezes por semana à sua porta, se oiço uma das nossas milhentas canções na rádio... Mas lembro-me de uma forma tranquila já. Não direi curada a 100%, mas muito tranquila, em paz comigo mesmo e com a resolução que tive de tomar. Porra. Os homens são tão bons em colocar-nos em posições que nos forçam a tomar uma atitude... Será que vos ensinam isso na escola, à parte?
O outro assunto que muito tem pesado nos meus pensamentos é o meu desencanto pela classe do XY. Um dia destes, tendo ficado sem opções disponíveis de entorpecer os neurónios (livro ficou no carro, mp3 em casa e telemóvel com leitor sem bateria), foi-me sugerido que mirasse em volta e me entretivesse com a paisagem. Centenas de homens e mancebos em calções, sungas e outros que tais e eu nem aí. Não sou eu, penso. Não sou, definitivamente, eu. Olho, vejo qualquer coisa digna de se olhar, e o pensamento é sempre o mesmo: "ou é mentecapto, ou é casado, ou é egocêntrico, ou diz «não gosto do comer salgado», ou não conduz, ou diz ser solteiro e mora com a mulher e os 5 filhos"... And so on...
Sinto-me desanimada. Quando as hormonas deviam andar ao máximo com este calor, eu não vejo a luz ao fim do túnel e não consigo aceitar a probabilidade matemática que tanto anuncio às outras solteiras à minha volta de que tem de haver, que, matematicamente, é uma certeza que existe, SIM, um homem capaz de receber tal nomenclatura, a uma distância razoável.
E digo para mim própria: "É uma fase, passa-te". E sei que estou a atravessar um período delicado, em que valores mais altos se levantaram e pus de parte assuntos relacionados com tal classe de género.
Mas custa.
Estou a menos de um mês de fazer anos. Não sei se deixar os 33 (afinal, até é uma idade engraçada de se dizer!) me vai fazer bem ou bem mal, mas talvez seja mais uma acha para a fogueira de não me sentir muito bem nesta pele, neste momento. Voltei ao paredão, voltei a sentir olhares gulosos, mas nem isso me animou à séria.
Posso dormir até que passe?